Ministro Gabriel,
Senhoras e senhores,
Em primeiro lugar, quero cumprimentar a Alemanha por essa iniciativa. Este encontro amplia a abrangência e a agenda do G20. Estamos passando por uma crise muito séria, que coloca em risco a globalização e mesmo alguns aspectos fundamentais de nossas democracias liberais.
Na conjuntura atual, o G20 não poderia limitar suas discussões, como fez até hoje, à estabilização dos fluxos financeiros e à coordenação de políticas macroeconômicas. Temos de enfatizar as causas da crise atual.
Nosso principal desafio, hoje, é saber como lidar com tantos fatores imprevisíveis, que alimentam nosso estado de crise e caos. Imprevisibilidade e conflito estão no centro da crise atual.
Um dos problemas principais dessa crise é a imigração por fatores econômicos. Não seria tão grave se houvéssemos alcançado, anos atrás, um acordo para abrir os mercados dos países mais desenvolvidos às exportações agrícolas dos países em desenvolvimento, o que significaria mais empregos. Infelizmente isso não aconteceu, e juntamente com as guerras recentes, tem sido um fator de médio prazo, subestimado, para o aumento dos fluxos migratórios.
O Brasil orgulha-se de haver sido um dos principais atores na elaboração da Agenda 2030, processo iniciado em 2012 durante a Conferência Rio+20.
O desenvolvimento sustentável se fundamenta no equilíbrio e integração de suas três dimensões - a econômica, a social e a ambiental.
Gostaria de destacar a contribuição brasileira para o desenvolvimento sustentável como um todo:
- O Brasil não somente logrou reduzir dramaticamente o desmatamento na última década, mas também alcançou a marca de 80% de fontes renováveis em sua matriz de eletricidade;
- Simultaneamente, o Brasil é, hoje, a segunda principal fonte de produtos agrícolas e alimentícios do mundo. Alcançamos essa posição por meio do foco em produtividade e tecnologia, com significativo impacto positivo nos planos social, econômico e ambiental;
- Em 30 anos a produtividade de nossa agricultura aumentou, em média, 4% por ano, enquanto a média anual mundial ficou em 1,8%. Ainda assim, o Brasil conseguiu, nas últimas duas décadas, reduzir a área total agricultável, de cerca de 370 milhões de hectares para cerca de 323 milhões de hectares.
A sustentabilidade é, assim, a base de nossas políticas internas. 61% de nosso território corresponde a mata nativa. A média mundial é de somente 3%.
Ironicamente, muitos ainda apoiam a ideia de barreiras protecionistas contra os produtos agrícolas do Brasil, com base no argumento absurdo de que nossa agricultura ameaça o meio ambiente.
Alcançamos esses impactantes resultados sem conferir nenhum subsídio para nossos agricultores. Nosso foco tem sido o desenvolvimento de um marco legal sólido e, como mencionei, a ênfase em tecnologia e produtividade.
Voltando a nossos esforços conjuntos, o desenvolvimento sustentável deve se amparar em dois elementos principais: recursos e instituições.
O G20 pode vir a assumir um papel fundamental na mobilização de todas as fontes de financiamento: doméstico e internacional, público e privado.
A luta contra a mudança do clima - com a qual o Brasil está firmemente comprometido - também demandará o aprimoramento da parceria entre os diferentes interessados: a sociedade civil em geral, o setor privado, e as autoridades locais.
O Acordo de Paris lança as bases para tal parceria. É importante que defendamos essa pedra fundamental do esforço irreversível contra a mudança do clima.
Não há mais espaço para ceticismo em relação à mudança do clima. O que está em jogo é nossa responsabilidade para com as futuras gerações.
O G20 deve enviar uma mensagem firme sobre a irreversibilidade do Acordo e sobre o compromisso de seus membros e da comunidade internacional nesse sentido.
Muito obrigado.
Palabras del Ministro de Relaciones Exteriores - Sesión 3 - "Cooperación con África" [Portugués]
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